ESTATÍSTICA PRIVATE

Saiu a estatística da ANBIMA de fim de ano do segmento Private. Como esperado, com a queda na taxa de juros, o risco das carteiras aumentou.

Em 2018, 35,8% do volume aplicado estava em Renda Fixa. Esse percentual caiu para 29,8% em 2019. Na contramão, as aplicações em ações subiu de 19,7% para 25,1%.

Talvez você esteja se perguntando para que uma pessoa com tanto dinheiro tem recursos aplicados na previdência privada? Na verdade, esse dinheiro é assim alocado para fazer jus às primeiras necessidades em caso de falecimento do titular da conta, sem necessidade de passar por inventário e com liberação em até 30 dias.

Alocação dos clientes Private por classe de ativo

Outra estatística importante é o crescimento da riqueza em São Paulo e o empobrecimento do Rio de Janeiro. Quanto ao Rio de Janeiro, é inócuo apontar os motivos. Todos já sabemos a penúria em que se encontra o estado, o que se reflete na riqueza dos seus cidadãos, sejam de que classe forem. Mas, pode se ver que rico tende a ficar cada vez mais rico, quando tem o mínimo de juízo e não coloca tudo a perder, por vezes o caso de famílias que não se preocupam com a sucessão e acabam em disputa familiar.

Valor investido por estado

Valor médio por conta Private

A tabela ao lado mostra a média de volume financeiro por conta. Lembro que uma família pode ter mais de uma conta, pois há bancos que trabalham com o conceito de família e não de conta.

Como era de se esperar, as famílias de São Paulo são mais ricas e ficaram mais ricas ainda de um ano para outro. A riqueza delas por conta bancária cresceu 18,5%, bem mais que o CDI de 2019, que acumulou no ano 5,97%. Logo, a riqueza delas cresceu 310% do CDI, algo de arregalar os olhos.

Fica aqui uma pergunta: o que terá ocorrido? Elas realmente ficaram mais ricas com dinheiro que receberam de rendas diversas, exceto mercado financeiro? Ou será que souberam aproveitar as oportunidades que o mercado lhes apresentou?

Gostaria muito de saber sua opinião. Que tal deixar aqui um comentário?

O PROFISSIONAL DE PRIVATE BANKING

Na área de atendimento às pessoas físicas, os bancos são segmentados por tipo de cliente.  Traduzindo: dependendo do montante que o cliente tem aplicado no banco, ele é atendido por um determinado segmento.

De forma simplificada, podemos dizer que há três segmentos: (i) os de classe média baixa e média, (ii) os de classe média alta, que têm algum dinheiro investido, por exemplo acima de R$ 100.000,00, e (iii) os ricos, que têm mais de R$ 3.000.000,00 investidos.

Embora o montante do corte varie de banco para banco, chama-se Private Banking esse segmento mais alto, que tem clientes com volumes expressivos de recursos aplicados e necessidades diferenciadas de produtos e serviços.  Os profissionais dessa área são conhecidos como Private Bankers, ou simplesmente Bankers.

Paulo MeirellesPara nos contar o que faz esse Private Banker, entrevisto hoje Paulo Meirelles, que é Diretor da equipe de Investimentos, Planejamento Patrimonial, Crédito e Inovação do Itaú Unibanco Private Banking, responsável pela gestão de suas equipes em todo o Brasil.  Tendo ingressado no Itaú em 2002, ele começou a trabalhar no setor bancário em 1983, em bancos como o Chase Manhattan, Delta Bank New York, Banco Bozano Simonsen e Banco Santander. Formado em Engenharia Civil pelo Instituto Militar de Engenharia – IME, possui a certificação CFP e MBA pela Thunderbird School of Global Management, EUA.  Tenho certeza que ele pode ajudar muito os leitores do blog que desejam conhecer mais sobre as diversas áreas profissionais do mercado financeiro.

1. O que é o segmento de Private Banking?

Um segmento que atende os clientes com maiores investimentos líquidos nos bancos, com valores mínimos que variam entre R$ 1 milhão e R$ 5milhões no Brasil.

2. Como é o dia a dia de um Private Banker?  É muito diferente de quem trabalha numa agência Personnalité, por exemplo?

Um Private Banker é responsável por uma carteira de clientes menos numerosa do que um gerente de alta renda, como é o caso do Personnalité, do Itaú.  No dia a dia deste Banker, há tarefas diárias relativas aos investimentos desta carteira de clientes (investimentos, resgates), como também uma agenda cheia de visitas e reuniões com clientes, quando são discutidas estratégias de investimentos, necessidades de crédito (clientes Private também tomam recursos emprestados), planejamento patrimonial (sucessão, herança etc), cenários macro-econômicos e outros assuntos de interesse do cliente.  Há também muitos eventos organizados pelos bancos para clientes, onde a participação desses Bankers é fundamental. Nessas palestras, há discussões sobre cenários políticos, economia e finanças, entre outros temas de interesses dos clientes.

3. Quem é esse Private Banker?  Qual a formação necessária para ser Banker?  É necessária alguma certificação?

O Private Banker típico tem uma sólida formação universitária, além de ser certificado CFP (Certified Financial Planner, pelo IBCPF)>  Quase 50% do mercado ostenta esta certificação.  É fundamental também falar inglês e ter uma boa experiência bancária.

4. Qual o perfil desse Banker?  Que habilidades além da educação formal ele tem que ter?

Ser curioso intelectualmente, gostar de tratar com clientes (há uma gama muito variada de tipos de clientes, desde o cliente sem conhecimento algum sobre o mercado financeiro, até um ex tesoureiro de um banco), e ter a boa ambição de sempre querer melhorar profissionalmente para progredir na  sua carreira.  Enfim, deve ser uma apaixonado pelo que faz.

5. Para começar como Assistente em uma área Private, é necessário ter o CFP ou a certificação é necessária somente para os Bankers?

Ter o CFP é um fator positivo na hora da seleção de profissionais para a carreira de Private Banker.  Mostra uma determinação  do candidato que será muito importante na sua carreira futura.  Para o Banker, é uma necessidade absoluta.

6. Os bancos contratam jovens recém saídos da graduação ou da pós para trabalhar no Private? É necessária experiência de trabalho prévio para ser contratado por um Private? 

Sim. Cada vez mais os bancos contratam recém formados para treina-los em Private Banking, pois há uma certa escassez de talentos para suprir a necessidade do mercado, sempre em expansão.

7. Quanto ganha um Banker?

Varia entre os bancos, dependendo do tamanho e da  importância relativa desses negócios, mas começa numa faixa de aproximadamente R$ 250.000,00 por ano, podendo chegar a valores bem mais altos.