Os estudos sobre dividendos procuram responder as seguintes perguntas:
- A política de dividendos de uma empresa é importante?
- Que efeito tem a política de dividendos no preço da ação?
- Há um modelo que pode ser usado para avaliar políticas de dividendos alternativas com vistas ao valor da ação?
Primeiramente, deixemos claro o que vem a ser política de dividendos, que nada mais é que a maneira pela qual os dividendos se distribuem no tempo. Deve a empresa distribuir uma proporção elevada de seus lucros agora, ou distribuir uma porção pequena? Os livros que versam sobre o tema apresentam pontos semelhantes.
Tanto GITMAN quanto ROSS mencionam, a princípio, que a política de dividendos é irrelevante. Veja o porquê.
Segundo o modelo DDM (Dividend Discount Model, em inglês), o valor de uma ação é igual ao valor presente dos dividendos futuros. Logo, se a empresa pagar dividendos iguais e possíveis para o seu caixa, ela obterá um valor presente de $X. Já, se decidir aumentar o pagamento inicial de dividendos e diminuir os seguintes, há uma grande chance dessa empresa precisar captar recursos para pagar esse dividendo inicial, como emitindo novas ações, por exemplo. Como o investidor vai exigir o mesmo retorno sobre as ações, o novo fluxo de caixa trazido ao valor presente será igual ao primeiro.
Teoria residual de dividendos
De acordo com a teoria residual de dividendos, os dividendos pagos por uma empresa devem ser vistos como um resíduo, que é o montante que sobra após todas as oportunidades de investimento aceitáveis terem sido empreendidas.
Conforme mencionado por GITMAN, usando essa abordagem a empresa trataria as decisões a respeito de dividendos em três etapas:
- Determinação do seu nível ótimo de despesas de capital; qual deve ser o nível gerado pelo ponto de interseção do perfil de oportunidades de investimento e o custo marginal ponderado de capital.
- Utilização das proporções de estrutura ótima de capital e estimativa do montante total de financiamento com capital próprio necessário para sustentar as despesas geradas na etapa anterior.
- Devido ao fato do custo de lucros retidos ser menor do que o custo de novo capital social, ocorre a utilização dos lucros retidos para satisfazer as exigências determinadas na etapa 2 acima. Se os lucros retidos são inadequados para atender essa necessidade, será necessário emitir mais ações. Se os lucros retidos disponíveis excederem essa necessidade, distribui-se o montante em excesso – o resíduo – como dividendos.
Nessa abordagem, nenhum dividendo em dinheiro é pago enquanto a necessidade de capital próprio estiver em excesso ao montante de lucros retidos. O argumento por trás dessa abordagem é que se trata de uma gestão financeira eficiente, sendo importante se certificar se a empresa tem o dinheiro em caixa que precisa para competir de forma efetiva e, portanto, aumentar o preço de suas ações. Essa visão dos dividendos sugere que o resultado exigido dos investidores não é influenciado pela política de dividendos da empresa que, por sua vez sugere que a política de dividendos é irrelevante.