Marcação a Mercado de debêntures

Existe um estudo em andamento para obrigar a Marcação a Mercado (MaM) das debêntures nas carteiras dos clientes. Atualmente, essa obrigatoriedade recai somente sobre os fundos de investimento. Mas qual a importância da MaM?

Se você não sabe, nos idos de 2002, este procedimento se tornou obrigatório, gerando muita confusão no Mercado pois, de uma hora para outra, os fundos de investimento tiveram que precificar os títulos de renda fixa a preço de mercado. Isso ocorreu em um momento em que os títulos estavam sobrevalorizados na carteira dos fundos. A consequência imediata foi a também sobrevalorização das cotas dos fundos.

A cota de um fundo representa o valor de todos os ativos do fundo menos os valores a pagar pelo fundo – como liquidações sobre os ativos adquiridos, despesas de corretagem e custos de taxa de administração – dividido pela quantidade de cotas emitidas pelo fundo. Logo, se a carteira do fundo estiver sobrevalorizada, a cota também estará. Mas, e daí?

Cota de fundo que não espelhe o correto valor de mercado dos seus ativos pode gerar transferência de riqueza entre cotistas. ATENÇÃO: essa pode ser uma questão da prova do CPA-10 ou CPA-20!!!

Imagine que um cotista A peça resgate de um fundo cuja cota esteja sobrevalorizada. Ele vai resgatar mais do que deveria. Em contrapartida, quem ficou no fundo vai amargar perda em função desse resgate. Isso ocorre porque o gestor do fundo terá que vender ativos da carteira, sejam ações ou títulos de renda fixa, para poder pagar o resgate solicitado. Quando o gestor for a mercado vender os títulos, venderá por um preço menor que o que foi utilizado para calcular a cota do fundo. Assim, o cotista que saiu vai se dar bem, uma vez que recebeu a cota “gorda”, à custa dos que ficaram. Isso também não seria justo para os cotistas que aplicam no fundo, porque comprariam cotas com o preço acima do que seria justo.

Se olharmos para a posição inversa, em que os ativos do fundo estariam precificados a valor menor que o que valem no mercado, continuaremos incorrendo em injustiças, favorecendo quem aplica no fundo e penalizando quem resgata do fundo. Daí a importância da Marcação a Mercado em fundos de investimento. Mas para que utilizar a MaM em carteiras próprias?

Na minha opinião, existem vários motivos que embasariam a utilização da metodologia de MaM em carteira de indivíduos. Vejamos quais são.

Para começar, em muito ajudaria o cliente a tomar decisão de resgatar o título ou não. Atualmente, essa prática já é comum com as ações. As corretoras normalmente informam no extrato do cliente o preço de custo e o valor atual dos papéis. Você há de convir que é fácil analisar a performance do título dessa maneira.

Um outro motivo não menos importante é a questão educativa. Ao enviar extrato para o cliente com os títulos de renda fixa marcados a mercado, o investidor tem a verdadeira noção da variabilidade/volatilidade do título. Até hoje, muitos investidores acham que renda fixa é FIXA, o que é um grande equívoco, e ter os títulos precificados à preço de mercado vai ajuda nesse entendimento.

Mas como acontece nos mercados maduros, no exterior? Os extratos das carteiras dos investidores no exterior já vêm com os títulos marcados a mercado.

Por fim, vamos pensar aqui juntos: ser transparente e ter a informação correta não nos leva a ter ilusões e facilita nosso planejamento e tomada de decisão. Por isso, para mim, não se trata de questão regulatória e sim de bom senso. É fundamental que o mercado de renda fixa amadureça e seja uma fonte de captação de recursos para as empresas e mais uma opção para os investidores. Mas, para isso, temos que trabalhar com os pés no chão, sem trazer falsas expectativas para o investidor. Portanto, sou a favor de que os estudos saiam do campo teórico e se tornem realidade.

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RISCO DE LIQUIDEZ

O risco de liquidez está associado à possibilidade de perda de capital e pela incapacidade de liquidar determinado ativo em tempo razoável sem perda de valor. Este risco surge da dificuldade de encontrar potenciais compradores para o ativo em um prazo hábil sem a necessidade de conceder um grande desconto.

Como exemplo pode-se citar o imóvel.  Em tempos chamados “bicudos”, o preço do ativo cai muito e fica difícil acharmos comprador para o imóvel pelo preço que parece razoável.  Já no mercado financeiro, há ações que têm baixa liquidez.  As ações que estão no índice de ações são as mais negociadas (tem maior liquidez).  As que estão fora do índice, têm menor liquidez, ou seja, menos pessoas negociando essas empresas na bolsa.

Pergunto: será que o investidor do já apresentado, no primeiro post desta série, que aplicou tudo em CDB indexado ao CDI pensou nesses três riscos quando estava fazendo seu investimento?

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